muda
quando me dei conta de que ainda não havia elaborado uma fala ou texto para a exposição, pensei que há muito tempo não passava por uma situação assim – a exposição estava muda.
mas como expor a intimidade?
muda pelo silêncio que o trabalho carrega, uma dor calada, assim acuada, de um corpo sem estofo, esvaziado, esfolado – virado ao avesso, ao mesmo tempo dobrado sobre si mesmo e em busca dos outros.
há um silêncio, e um vácuo espesso que cola as superfícies, para tentar ouvir o próprio respiro na pele, interno, e sentir um fio que conduza o olhar para fora, que abra esse corpo para os sons do mundo. uma tentativa de desencapar um nervo vivo, expor a matéria na maior extensão possível da sua superfície, desenrolada, passando por uma abertura mínima; embalada por uma vontade sem pernas, horizontal, que se estende pelo chão, e procura aterramento para poder subir na própria altura.
começa num ensaio sobre a sensação interna, para recobrir a distância de si mesma; vai aprendendo a riscar as paredes, até encontrar com quem se arrisque. aX* para (a) existir.
foi muita falta de chão, são falhas abissais, sobre as quais essas linhas que desenham se escrevem desejantes.
daí vem a muda [da troca], da mudança de pele, de pelo; que só tempo pode trazer a tona. de um mar sozinho que só se afasta, um meio caymmi, que só leva para longe - se espera, em alguma hora, uma onda, que volte com alguém que saiba riscar.
assim, nessa ordem, essa exposição é para branca, lia, cecilia cotrim, paulo b., carla guagliardi and tunga, que me acompanharam de perto recentemente; lola - sim, e também charles. e pela ajuda em colocar os trabalhos no mundo - para fernando sant'anna e joão vargas. e mais a rede de amigos que me desafogou, e me observa devagar, tomando coragem para um possível (autre)mar.
mas como expor a intimidade?
muda pelo silêncio que o trabalho carrega, uma dor calada, assim acuada, de um corpo sem estofo, esvaziado, esfolado – virado ao avesso, ao mesmo tempo dobrado sobre si mesmo e em busca dos outros.
há um silêncio, e um vácuo espesso que cola as superfícies, para tentar ouvir o próprio respiro na pele, interno, e sentir um fio que conduza o olhar para fora, que abra esse corpo para os sons do mundo. uma tentativa de desencapar um nervo vivo, expor a matéria na maior extensão possível da sua superfície, desenrolada, passando por uma abertura mínima; embalada por uma vontade sem pernas, horizontal, que se estende pelo chão, e procura aterramento para poder subir na própria altura.
começa num ensaio sobre a sensação interna, para recobrir a distância de si mesma; vai aprendendo a riscar as paredes, até encontrar com quem se arrisque. aX* para (a) existir.
foi muita falta de chão, são falhas abissais, sobre as quais essas linhas que desenham se escrevem desejantes.
daí vem a muda [da troca], da mudança de pele, de pelo; que só tempo pode trazer a tona. de um mar sozinho que só se afasta, um meio caymmi, que só leva para longe - se espera, em alguma hora, uma onda, que volte com alguém que saiba riscar.
assim, nessa ordem, essa exposição é para branca, lia, cecilia cotrim, paulo b., carla guagliardi and tunga, que me acompanharam de perto recentemente; lola - sim, e também charles. e pela ajuda em colocar os trabalhos no mundo - para fernando sant'anna e joão vargas. e mais a rede de amigos que me desafogou, e me observa devagar, tomando coragem para um possível (autre)mar.
mute moulting
when i realized that i haven't yet elaborated a statement or text concerning this exhibition, i thought that for a very long time i haven't been through such a situation - the exhibition was muda [mute].
but how to exhibit intimacy?
mute by the silence the work is loaded of, a quiet pain, so cornered, of an unwaded body, emptied, flayed - turned inside-out, both folded upon itself and searching for others.
detached skin
swep skin - shivered
suspended skin
teared skin
ripped skin
fur/skin
there is a held silence, and a thick vacuum that stick the surfaces, trying to hear on skin it's own breath, in-betweens, and to feel a thread which would lead the gaze outward, that would open up this body to the sounds of the world.
an attempt to strip raw a nerve, to expose matter in the most stretched extension of it's surface, uncoiled, through an opening/diaphragm; cradled in creeping, horizontal, desire. which spreads itself through the floor, and searches for grounding to enable rising to it's own height.
it starts as a rehearsal about an internal feeling, covering the distance from itself; learning to scratch walls, until it faces someone to take a risk. aX* to (a) exist.
such a lack of ground, over abyssal failures, those drawing lines inscribe themselves desiring.
then comes the muda [shift], the skin sloughing, the fur moulting; which only time can surface. from a lonely sea that alone recedes, a caymmi medium, which only takes away - immersed immense, ways, awaiting, sometime, a wave, brings forward, someone who crosses out.
so, as it follows, this exhibition is to branca, lia, cecilia cotrim, paulo b., carla guagliardi and tunga, who have been most close to me recently; lola - yes, and also charles. and for helping me to bring the the works into the world - to fernando sant'anna and joão vargas. and also to the network of friends who have helped me undrowning, and observes me, slowly, taking courage for a possible (autre)mar [sea].
but how to exhibit intimacy?
mute by the silence the work is loaded of, a quiet pain, so cornered, of an unwaded body, emptied, flayed - turned inside-out, both folded upon itself and searching for others.
detached skin
swep skin - shivered
suspended skin
teared skin
ripped skin
fur/skin
there is a held silence, and a thick vacuum that stick the surfaces, trying to hear on skin it's own breath, in-betweens, and to feel a thread which would lead the gaze outward, that would open up this body to the sounds of the world.
an attempt to strip raw a nerve, to expose matter in the most stretched extension of it's surface, uncoiled, through an opening/diaphragm; cradled in creeping, horizontal, desire. which spreads itself through the floor, and searches for grounding to enable rising to it's own height.
it starts as a rehearsal about an internal feeling, covering the distance from itself; learning to scratch walls, until it faces someone to take a risk. aX* to (a) exist.
such a lack of ground, over abyssal failures, those drawing lines inscribe themselves desiring.
then comes the muda [shift], the skin sloughing, the fur moulting; which only time can surface. from a lonely sea that alone recedes, a caymmi medium, which only takes away - immersed immense, ways, awaiting, sometime, a wave, brings forward, someone who crosses out.
so, as it follows, this exhibition is to branca, lia, cecilia cotrim, paulo b., carla guagliardi and tunga, who have been most close to me recently; lola - yes, and also charles. and for helping me to bring the the works into the world - to fernando sant'anna and joão vargas. and also to the network of friends who have helped me undrowning, and observes me, slowly, taking courage for a possible (autre)mar [sea].